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Está mesmo complicado libertar o sexo das amarras do dia a dia e dos tabus que o cercam. É o que indica o estudo Como anda a sua satisfação conjugal?, realizado pelo Instituto do Casal (SP) entre os meses de setembro e outubro deste ano. Especializado em relacionamentos e sexualidade humana, o centro de pesquisas ouviu 510 casais e mostrou que 55,9% deles consideravam a sua vida sexual ruim ou regular. Para muitos, o casamento é um divisor de águas na qualidade do sexo: 72,9% dos entrevistados perceberam mudanças significativas nesta área após juntar as escovas de dentes.
A mesmice, os filhos e a diminuição na frequência das relações surgiram como os principais motivos para a avaliação negativa da vida sexual.
– A maioria dos casais não sabe lidar com a questão da rotina e com as mudanças que a vida a dois traz. As pessoas mudam com o passar do tempo e são muitos os fatores que o casal tem que lidar – afirma a terapeuta Marina Simas de Lima.
Coordenada pelas psicólogas Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima, fundadoras do Instituto do Casal, a pesquisa sondou as impressões dos casais brasileiros sobre diferentes aspectos da vida a dois (sexo, intimidade, resolução de conflitos etc). Mais da metade dos entrevistados têm entre 31 e 50 anos e estão em um relacionamento estável há mais de dois anos. Casais com filhos correspondem a cerca de 80% da amostra.
De acordo com a pesquisa, o trabalho é o que mais distancia os parceiros, seguido de problemas financeiros, divergências sobre a criação dos filhos e sobre a distribuição das tarefas domésticas.
– Hoje o mercado de trabalho exige muito mais das pessoas, mais atividades fora de casa, mais especializações e desafios a serem cumpridos, o que nos faz pensar que os casais da atualidade estão com dificuldade de administrarem a vida, distribuindo um tempo de qualidade para o relacionamento – afirma Denise.
As psicólogas acrescentam que a dedicação excessiva ao trabalho pode ser uma fuga de problemas enfrentados em casa.
Aparentemente, a dificuldade de equilibrar a vida profissional e a família interfere também na qualidade da comunicação entre os casais. Embora 63,45% dos entrevistados afirmem conversar duas ou mais horas por dia, o tempo não parece suficiente para “discutir a relação” plenamente. As coordenadoras do estudo imaginam que a superficialidade dos diálogos pode levar ao acúmulo de problemas e ressentimentos entre o casal.
Para piorar, a falta de cumplicidade pode agravar as restrições dos parceiros na cama: ainda que 72,3% dos entrevistados se digam à vontade para falar sobre suas fantasias, muitas mulheres se mostraram inibidas em discutir seus desejos com os parceiros, indicando a prevalência de tabus sexuais mesmo nos dias de hoje.
Por outro lado, as prioridades dos casais brasileiros também parecem estar mudando. No ranking de cinco fatores mais importantes em um relacionamento, o sexo e a paixão ficaram nos últimos lugares, sendo preteridos pelo afeto, pelos planos e sonhos em comum e pela fidelidade. Entre os programas para curtir a dois, viajar, comer e ver filmes também vieram antes do sexo e da troca de carinhos. Segundo as coordenadoras do estudo, estes dados indicam que para a faixa etária contemplada pela pesquisa, a parceria, a amizade e a cumplicidade são mais importante que o sexo em si.
fonte:http://revistadonna.clicrbs.com.br/sa